Dessa vez uma postagem mais informal. São palavras escritas para evitarem uma explosão. Mais que um desabafo, é uma conversa.
Ando terrivelmente nostálgico ao ouvir músicas. Além de ouvir o que sempre costumei ouvir (Cat Power, New Order, Franz Ferdinand) e o que costumo ouvir atualmente (Friendly Fires, Noisettes, Stereo Total), estou ouvindo coisas que eu ouvia quando tinha dezessete anos.
Melodias que fiquei um bom tempo sem ouvir. Até porque as bandas não lançaram novos CDs. Ou simplesmente eu não soube de novos lançamentos. Leia-se Futureheads, Pavement, Spinto Band, The Stills, The Bravery. Esta última banda é responsável pela maior parte da "trilha sonora" do difícil período de transição dos meus dezessete para os dezoito anos.
Sempre associo as músicas a certas ocasiões. Algumas canções evocam sentimentos indissociáveis de um certo tempo e espaço. Tão distante e perdidos aos olhos do presente. Me confundem entre o tênue limiar do tempo-espaço. Na verdade, são feitos da mesma matéria que o sonho.
Passado e presente se colidem numa balança desajustada pela miopia da justiça. O primeiro, de tão pesado, rompe a prata.
Tudo se resume ao peso e a leveza. Termina sempre na mesma indigesta palavra: retorno.
sábado, 18 de julho de 2009
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Mediterrâneo
Num dia seco e triste de verão, sob o céu ibérico, declarei meu amor a Luna.
Abominava o sol vulcânico castelhano e me refrescava em seus olhos marinhos.
Ela me retribuiu com um afeto silencioso. Me esperava todo dia na porta, e me fazia companhia em cada tortuosa tortilla. Se contorcia em minhas pernas enquanto tremia na garganta o gazpacho.
Alguns minutos antes da hora de me deitar, ela esquentava minha cama e dormia aos meus pés.
E, curiosamente, Luna é meu amor mais sincero: ela me tem aos seus pés.
Abominava o sol vulcânico castelhano e me refrescava em seus olhos marinhos.
Ela me retribuiu com um afeto silencioso. Me esperava todo dia na porta, e me fazia companhia em cada tortuosa tortilla. Se contorcia em minhas pernas enquanto tremia na garganta o gazpacho.
Alguns minutos antes da hora de me deitar, ela esquentava minha cama e dormia aos meus pés.
E, curiosamente, Luna é meu amor mais sincero: ela me tem aos seus pés.
sábado, 4 de julho de 2009
Paranoia Eroica
Era plena a noite e me perdi no caminho.
Mesmo conhecendo aquela rua de anos. Não era a primeira vez que te via. Sabia quem era por meio de terceiros e nada o que tinha ouvido era louvável. Mas fantasio, pois não pertenço ao mundo dos dizeres.
Meu mundo é o empírico, por mais idéias inatas que eu use para florear os diálogos de nossa novela.
Trocamos algumas palavras rojas, e em alguns dias você já era meu cotidiano.
Tua suavidade de olhar me acaricia sem tocar. Mas não foi isso que me fez te amar. Foi tua simples poesia, tua sinfonia de cores.
Não fora a naturalidade e improviso de versos, você seria parnasiano. Na verdade, não há classificação certa para teu criar. Somente é.
E eu, antes tão cultista, me lancei na tua (des)harmonia. Agora oculto o mar em um vaso.
A qualquer momento choverá.
"Rain down, rain down, come on rain down on me. From a great height, from a great height, height. Rain down, rain down, come on rain down on me" - Paranoid Android, Radiohead.
Mesmo conhecendo aquela rua de anos. Não era a primeira vez que te via. Sabia quem era por meio de terceiros e nada o que tinha ouvido era louvável. Mas fantasio, pois não pertenço ao mundo dos dizeres.
Meu mundo é o empírico, por mais idéias inatas que eu use para florear os diálogos de nossa novela.
Trocamos algumas palavras rojas, e em alguns dias você já era meu cotidiano.
Tua suavidade de olhar me acaricia sem tocar. Mas não foi isso que me fez te amar. Foi tua simples poesia, tua sinfonia de cores.
Não fora a naturalidade e improviso de versos, você seria parnasiano. Na verdade, não há classificação certa para teu criar. Somente é.
E eu, antes tão cultista, me lancei na tua (des)harmonia. Agora oculto o mar em um vaso.
A qualquer momento choverá.
"Rain down, rain down, come on rain down on me. From a great height, from a great height, height. Rain down, rain down, come on rain down on me" - Paranoid Android, Radiohead.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Elegia do amante
Posto agora um texto do antigo blog thewaitisagift
Encanto: o que fazer quando vira paixão?
A verdade é que sempre anseio um novo amor.
Sem isso, a vida mostra sua verdadeira face: a dor de assistir sua própria destruição.
Mas o amor pode ser uma ilusão de amor.
Mas o amor pode ser uma ilusão de amor.
Um branco devaneio de papoula; te dá o prazer do sexo, o conforto do carinho e uma breve esperança.
Assim, se sonha acordado até o momento em que os pulmões se livram da fumaça floral.
De repente, o despertar é como um parto.
Numa agonia maiêutica o corpo desfalece, e a alma perde todo brilho.
Mas viver é penar...é enganar-se e, como um depressivo tratado com Prozac, colocamos óculos cor-de-rosa para recompor a moral.
E lá vou eu, em busca de novas paixões. Não apenas humanas: essas podem destronar-me. Já as intelectuais me elevam ao trono do nirvana.
Somente a arte é fiel e me completa. Somente Afrodite me consola num Olimpo decadente.
Ah, minha mãe, como ainda sou pequeno e dependente de ti.
Não alço voo por você e por vertigem.
Preso à terra, jaz um amante.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Segredo
No eterno retorno
do tênue sopro
de um sorriso imaculado
breve som na maçã
brilha oblíquo o meu amor
no silêncio te acompanho
Eterna
sábado, 18 de abril de 2009
Sertão (in)solúvel
Chega ao mercado e onde estão as latinhas de coragem, Dona?
Ela fita os olhos do rapaz por alguns segundos.
Antes que qualquer íris se afogue: Acabou o estoque, moço...
Os olhos dele sequer ameaçam qualquer cacto.
O menino de eterno sertão volta para a rua sem saber o que beber amanhã.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Indelével
Alegria a tempo
Sem congratulação alguma
Que nada te traga
Você já traz em si
A valente beleza de apenas ser
Sem congratulação alguma
Que nada te traga
Você já traz em si
A valente beleza de apenas ser
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Passeio
Caminhando pela insana rua das árvores, avistou uma coruja.
Era bela e familiar. Não enigmática, como costumam ser as corujas.
Ela piou. Ele repetiu o som. Tudo era muito familiar.
Claro, estava em casa. A noite era seu lar e a coruja o compreendia.
Sabia que ela podia entendê-lo.
Ela ameaçou voo e ele teve medo de perdê-la de vista.
Piou outra vez. Mais uma vez ele arriscou o cantar rapino.
Seguramente ela o entendia, pois piou de volta. E voou. Ele a acompanhou com o olhar e avistou a lua.
Nela havia um rosto. No rosto, um coelho.
Ma ele sentia uma joia: como se pudesse pegar uma flor.
E aflorou-lhe uma nostalgia...
Dos tempos em que ele pertencia à aurora e a magia durava até a alba.
Na verdade, ainda tudo lhe parecia mágico, mas não se dava conta até agora.
A lua lhe relumbrava.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Meu jardim de inverno
Cada dia rebrota uma rosa no jardim
Um brotinho que seguramente dilacerado, não tinha salvação
Mas raiz é teimosa(!)
Com a visita da Aurora, se reconforta e tenra sorri
Rouba o primeiro orvalho da madrugada e faz-se sonho
E cai uma pétala no jardim
Agora será cuidada, pois não ver-lhe o desluzir
Semeia-se o presente.
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