sábado, 18 de julho de 2009

Melodia da saudade

Dessa vez uma postagem mais informal. São palavras escritas para evitarem uma explosão. Mais que um desabafo, é uma conversa.
Ando terrivelmente nostálgico ao ouvir músicas.
Além de ouvir o que sempre costumei ouvir (Cat Power, New Order, Franz Ferdinand) e o que costumo ouvir atualmente (Friendly Fires, Noisettes, Stereo Total), estou ouvindo coisas que eu ouvia quando tinha dezessete anos.
Melodias que fiquei um bom tempo sem ouvir. Até porque as bandas não lançaram novos CDs. Ou simplesmente eu não soube de novos lançamentos. Leia-se Futureheads, Pavement, Spinto Band, The Stills, The Bravery. Esta última banda é responsável pela maior parte da "trilha sonora" do difícil período de transição dos meus dezessete para os dezoito anos.
Sempre associo as músicas a certas ocasiões. Algumas canções evocam sentimentos indissociáveis de um certo tempo e espaço. Tão distante e perdidos aos olhos do presente. Me confundem entre o tênue limiar do tempo-espaço. Na verdade, são feitos da mesma matéria que o sonho. 
Passado e presente se colidem numa balança desajustada pela miopia da justiça. O primeiro, de tão pesado, rompe a prata.  
Tudo se resume ao peso e a leveza. Termina sempre na mesma indigesta palavra: retorno.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Mediterrâneo

Num dia seco e triste de verão, sob o céu ibérico, declarei meu amor a Luna.
Abominava o sol vulcânico castelhano e me refrescava em seus olhos marinhos.
Ela me retribuiu com um afeto silencioso. Me esperava todo dia na porta, e me fazia companhia em cada tortuosa tortilla. Se contorcia em minhas pernas enquanto tremia na garganta o gazpacho.
Alguns minutos antes da hora de me deitar, ela esquentava minha cama e dormia aos meus pés.
E, curiosamente, Luna é meu amor mais sincero: ela me tem aos seus pés.

sábado, 4 de julho de 2009

Paranoia Eroica

Era plena a noite e me perdi no caminho.
Mesmo conhecendo aquela rua de anos. Não era a primeira vez que te via. Sabia quem era por meio de terceiros e nada o que tinha ouvido era louvável. Mas fantasio, pois não pertenço ao mundo dos dizeres.
Meu mundo é o empírico, por mais idéias inatas que eu use para florear os diálogos de nossa novela.
Trocamos algumas palavras rojas, e em alguns dias você já era meu cotidiano.
Tua suavidade de olhar me acaricia sem tocar. Mas não foi isso que me fez te amar. Foi tua simples poesia, tua sinfonia de cores.
Não fora a naturalidade e improviso de versos, você seria parnasiano. Na verdade, não há classificação certa para teu criar. Somente é.
E eu, antes tão cultista, me lancei na tua (des)harmonia. Agora oculto o mar em um vaso.
A qualquer momento choverá.


"Rain down, rain down, come on rain down on me. From a great height, from a great height, height. Rain down, rain down, come on rain down on me" - Paranoid Android, Radiohead.